Como foi que te encontrei um dia?
Mais livre e mais solta,
Sem tudo que te pesa no corpo.
Essa língua era vazia.
E o teu sopro te o dizia.
Calo preto no teu muro a betão.
Pele tua; palavras de quem quer inventar teu corpo.
Rara, cara, fula, clara e o que não?
E essa fala?
Histórica agressão.
Para uso:
falo o que, como, quando eu quiser.
Os meus erros não são falhas,
e os “s” pagaram caro na minha boca o aluguer.
Nkaka* já comprou o chão há bwé,
desde o início.
E desde então o plural das minhas frases se fazem no prefixo.
Língua antiga, língua presa, língua dita “nacional”,
Língua-vento, língua-tempo, língua dos eventos culturais.
E a dúvida de ser, insiste.
E como não?:
Meu cabelo precisa de passe para entrar numa repartição.
Meu sotaque afinado não é capricho,
É prova de que ainda preciso de provar que existo sem ser
a minha autêntica versão.
E se é isso:
O presente é pesado quando não se analisa,
O passado é presente quando não se esvazia.
Vai cair,
Vai cair,
Vai cair,
[um dia, isso tudo] Vai cair.
*Nkaka: “avó”, em Kikongo.
credits
from Língua Livre.,
released September 16, 2019
Vozes, violino, marimba: Latedjou.
Mix+Master: Carlos Nkanga.
Album art: Moufouli Bello.
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